Começou nesta quarta-feira (3), em Belo Horizonte (MG), mais uma rodada de testes de rádio digital, com o início de transmissões experimentais do padrão de tecnologia européia Digital Radio Mondiale (DRM). Os dados serão coletados e comparados com outros testes realizados no País com o padrão norte-americano In-Band-On-Chanel (Iboc). O relatório comparativo com as transmissões deve ser entregue até o final de fevereiro.
“A decisão será tomada pelo governo ouvindo os radiodifusores. O Brasil precisa se preparar para a nova onda do rádio: a digitalização”, diz o ministro das Comunicações, Helio Costa. Ele destacou ainda o fato de o padrão de rádio DRM vir sendo desenvolvido em sistema aberto e livre, criado e desenvolvido por um consórcio formado por empresas e emissoras interessadas na digitalização do rádio. Já o padrão americano Iboc é um sistema fechado e proprietário, o que traz inconvenientes aos radiodifusores, que teriam desembolsar royalties aos fabricantes pelo uso e exploração do sistema.
Os testes serão comandados por técnicos do Ministério das Comunicações em parceria com funcionários da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), das universidades federais de Minas Gerais (UFMG), do Pará (UFPA) e do Rio Grande do Norte (UFRN). Ainda integram a comissão de estudos responsáveis pelos testes dois engenheiros alemães e pesquisadores do Centro de Estudos em Telecomunicações (CETUC) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Na avaliação de especialistas do ministério, o padrão europeu de rádio digital ganhou robustez técnica e pode suprir algumas das necessidades do País, principalmente pela qualidade das transmissões em ondas curtas. Mais recentemente, o padrão DRM passou a operar também em FM, ondas tropicais e ondas médias, o que representaria uma cobertura ampla em todos os espectros de rádio. Fazem parte do consórcio que desenvolveu o padrão de rádio digital emissoras influentes, como Deutsche Welle (Alemanha), NHK (Japão), Netherlands (Holanda) e BBC (Reino Unido), bem como outras como a Rádio Vaticano e a Voz da Nigéria.
O que muda?
Com a implantação do rádio digital no Brasil, as transmissões ganharão em qualidade de som e transformarão radicalmente a experiência dos ouvintes. Técnicos envolvidos no estudo destacaram que será possível ao ouvinte o acesso em seu aparelho receptor à transmissão de fotos, dados e gravações. Isso porque o sistema funciona com multiprogramação. Será possível ao ouvinte, por exemplo, dispor de uma impressora para reproduzir textos e outros tipos de dados gerados pela emissora de rádio. “Alguns dos aparelhos em produção na Europa funcionam como uma central multimídia”, afirma o ministro das comunicações Hélio Costa.