quarta-feira, 17 de junho de 2009

Jornalista é igual a cozinheiro

Pra quem é jornalista, só lamento!!

O STF acabou de derrubar a necessidade de diploma para o exercício do jornalismo.
Pior do que ter 4 anos de estudo em vão, é ser comparado a um cozinheiro, como fez o ministro Gilmar Mendes. O site do uol colocou uma matéria sobre o assunto antes do ministro Celso de Mello proferir seu voto, mas adianto que ele ainda fez pior, comparou a profissão de jornalista à de manicure, pedicure e cabelereiro!!

Só mesmo o ministro Marco Aurélio (mais uma vez voto vencido) expressou apoio aos jornalistas diplomados e ao milhares de estudantes matriculados em cursos de jornalismo nas universidades brasileiras.

O mais interessante é que a Corte alegou que os danos causados a terceiros por jornalistas não são inerentes à profissão de jornalista e não poderiam ser evitados com um diploma. Ora, quantos juizes (Nicolau dos Santos), médicos (Jorge Farah), engenheiros (Sérgio Naia), advogados (tenho uns mil vagabundos na cabeça) causaram e causam danos à sociedade mesmo sendo diplomados? O diploma evitou algum desvio moral e ético dessas pessoas?

Como o exercício do jornalismo não causa danos à sociedade?
Ninguém se lembra do caso da Escola Base? O maior caso de erro jornalístico do Brasil. Vidas foram destruídas. A família dona da escola, além de ter perdido todos os seus bens, não conseguiu arranjar sequer um emprego até hoje.
Será que a falha cometida não por um, mas vários jornalistas, na época, foi devida a uma má formação profissional ou por desvio ético e moral?

Ao meu ver, o problema alegado não se refere à formação universitária, mas sim a uma falha de construção moral e ética, a qual cada indivíduo deve ser individualmente responsável, e que não se constroi em muros de faculdades, mas sim na educação do dia a dia.

Outra alegação pífia é a de que qualquer um pode ser jornalista, de que é melhor pra sociedade ver um texto informativo sobre saúde feito diretamente por um médico do que por intermédio de um jornalista. Concordo que pra escrever, basta não ser analfabeto, mas entendo ainda que certas regras e técnicas são necessárias à nossa profissão. Senão, eu mesmo teria feito outro curso. (Ah se não fossem os bons anos de UFRN...)

Mas o que nenhum daqueles senhores se lembrou foi que até poucos anos atrás, qualquer um poderia ser advogado. Antes não era necessária uma formação jurídica para defender um cidadão perante um juízo, e a justiça andava do mesmo jeito, talvez até mais ágil. Mas aqui entra outra história.

Infelizmente, tenho que concordar que advogados são bem mais espertos do que jornalistas. Como disse um professor meu, criaram "a maior organização criminosa do Brasil", a OAB. É a única organização citada na Constituição. Tem prova para ingressar na categoria, e não muito fácil, diga-se de passagem. Não é qualquer um que consegue o registro. Há, no mínimo, uma avaliação intelectual.
Sem contar que a OAB está presente em tudo o que se refere à advocacia, legislação e judiciário. Ela tem poder! Poder de cobrar, de fiscalizar, de particiar e, principalmente, de punir seus sócios sem caráter. A OAB funciona, e muito bem.

E pro jornalista tem o quê?

Jornalista? Jornalista se julga esperto por não pagar a mensalidade do sindicato de representação da classe. Jornalista é contra a criação de um conselho de fiscalização da profissão. Jornalista é contra a regulamentação da profissão. Jornalista quer jornada de 5 horas diárias pra poder trabalhar em dois lugares diferentes, mesmo que seja defendendo opiniões diferentes também. Jornalista acha que tem opinião própria e que não escreve o que o dono da empresa jornalística quer. Jornalista não gosta de representação, de união. Acha que ganha pouco (e verdade, ganha muito pouco!), mas não tem a capacidade de se fortalecer através de representação coletiva.

Então, pro jornalista (ocupação na qual me encontro), as batatas, o nabo e outras leguminosas!
Aceite a condição de ser mais um, com diploma ou sem diploma.

Pior agora pra quem trabalha ou pretende trabalhar no setor privado.
Reserva de mercado zero!
Salários ainda mais baixos.
Carga horária ainda mais alta, mas hora extra também zero!

Agora, além de nós, dos jornalistas desempregados e dos estudantes de jornalismo (que como estagiários trabalham igual ou até mais), qualquer um pode fazer o que fazemos, lembrem-se disso!

Mas ainda há uma saída.
Acredito fielmente na qualificação como o melhor caminho.
Com diploma ou não, seja bom no que faz, dessa forma sempre haverá mercado pra quem demonstrar maior capacidade. E isso só se consegue com esforço, estudo e dedicação.

Agora, vou fritar um ovo pra ver se o faço melhor do que uma matéria.
Talvez vire um chefe de cozinha. Como disse Gilmar Mendes, também não preciso de diploma pra isso!

Marcus Bennett.

Matérias do Uol:


Gilmar Mendes compara um jornalista a um cozinheiro


STF decide que diploma de jornalismo não é obrigatório para o exercício da profissão

3 comentários:

  1. Parabéns pela matéria! Que bom que resolveu abrir um espaço para expor suas idéias!!!*rs* Bjão, Danihall.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns irmão ...
    Muito bom o Blog, as matérias então nem se fala ...
    Vou acompanhar de perto e divulgar tmb ...
    Beijos
    César Bennett

    ResponderExcluir
  3. é isso mesmo Marcus!
    já tava mesmo na hora de vc ter o seu próprio canal!!
    abração!

    ResponderExcluir

 
clique aqui para abrir os links em uma nova janela